Estive em São Jorge, uma pequena vila no interior de Goiás, no coração da Chapada dos Veadeiros, no coração do cerrado brasileiro. Fundada por garimpeiros que exploravam os cristais da região, e muitas famílias destes ainda moram por lá, a vila foi nossa estadia neste ano novo. Depois de uma longa viagem, 3 viagens de ônibus, 1 de carro e outra de avião, fugimos do nosso cotidiano materialista e conformista, que nós cega da verdade da nossa natureza, para encontrarmos a natureza de volta.
Nos arribaldes de São Jorge existem muitas cachoeiras e trilhas maravilhosas, mas uma em especial chamou a minha atenção. Cerca de 30 minutos de carro sentido oeste, por uma estrada bem dificil, encontramos a trilha para a cachoeira chamada O Segredo (foto). Dizem que ela chama assim pois foi descoberta por um garimpeiro que tinha encontrado um veio de cristal na região, e o rio que passa por ali e forma a cachoeira levou este nome também. Caminhamos durante uma hora e meia, subindo o rio pela mata e pelas rochas, cruzando-o 14 vezes até chegarmos no destino...na última curva, orquestrada pelo som alto da água forte comum nesta época de verão na região, a cachoeira do Segredo mostrou sua colossal beleza, espirrando água sobre a luz do sol nos dando boas vindas com um arco íris. A maior parte do grupo ficou calada. Vislumbrando. Introspectivos. E ali tive uma reflexão que começou com uma observação da galera que se ajeitava sobre as rochas para descansar e comer algum lanche ou apenas olhar a paisagem; Nós somos um bando de macacos!!! Só não temos tantos pêlos assim, temos um cérebro desenvolvido, um polegar opositor, temos menos habilidade motora, sabemos nos expressar melhor...mas ainda assim somos macacos!!! A simplicidade do natural mostrou-me sua beleza ali. Como o conformismo consome nossa própria natureza. A pelucada que nos ataca todos os dias, pelucando nossos cérebros com ilusões materialistas que nos fazem esquecer aonde estamos.
A energia que voltei deste lugar eu desejo a todos.
